Boa dieta anula gene que causa doenças do coração.
Tendência genética para doença cardiovascular pode ser revertida com o consumo de vegetais.
Uma dieta rica em frutas e vegetais tem
impacto importante no combate a doenças cardiovasculares, mesmo que se
trate de uma tendência genética. Estudo publicado na última edição da
científica PLoS Medicine concluiu que portadores de um gene
comprovadamente ligado a um maior risco cardíaco podem reverter essa
tendência, desde que escolham bem seus alimentos.
A pesquisa analisou a presença do gene
9p21 – identificado como forte marcador genético para doenças cardíacas –
em 27.243 voluntários que participaram de dois grandes estudos
anteriores: o Interheart e o Finrisk.
Os pesquisadores das universidades
canadenses McGill e McMaster constataram que, entre os 8.114 indivíduos
do estudo Interheart, os que tinham a propensão genética para males
cardíacos mas se alimentavam com muitas frutas e vegetais apresentavam
um risco de enfarte semelhante aos que estavam livres do gene ruim.
Entre os 19.129 participantes do Finrisk, o consumo dos vegetais fez com
que os portadores do gene 9p21 tivessem risco reduzido de desenvolver
doenças cardiovasculares.

“Nós sabemos que as variantes genéticas
9p21 aumentam o risco de doenças cardíacas. Mas foi uma surpresa
descobrir que uma dieta saudável poderia enfraquecer de modo
significativo seus efeitos”, diz um dos líderes do estudo, o pesquisador
Jamie Engert, da Universidade McGill, do Canadá.
Para a pesquisadora responsável pelo
estudo, Sofia Anand, da universidade McMaster, os resultados reforçam as
recomendações médicas de se consumir mais de cinco porções de frutas ou
vegetais diariamente. “Observamos que o efeito de um genótipo de alto
risco pode ser mitigado consumindo uma dieta rica em frutas e vegetais”,
diz.
Interação. Na opinião do
pesquisador Alexandre da Costa Pereira, do Laboratório de Genética do
Instituto do Coração (Incor), pesquisas nacionais já comprovaram que o
gene 9p21 também está relacionado a uma probabilidade maior de
desenvolver doenças cardiovasculares na população brasileira.
O novo estudo, diz ele, esclarece mais um
aspecto da interação entre o risco genético e o risco ambiental para
doenças cardiovasculares. “Queremos entender por que nem todas as
pessoas que têm hábitos saudáveis se beneficiam da mesma forma. Ou por
que nem todo mundo que fuma vai desenvolver uma doença”, diz. “É mais
uma prova de que hábitos saudáveis podem suplantar uma determinação
genética.”
Segundo o cardiologista José Luís Aziz, da
Faculdade de Medicina do ABC, atualmente o mais importante é controlar
fatores de risco como pressão alta, colesterol, diabete tabagismo e
estresse. “No futuro, espera-se que possamos tratar o próprio gene, mais
isso ainda está um pouco distante”, completa.
Couve, brócolis e acelga garantem mais imunidade
Outra pesquisa divulgada neste mês também
enfatiza a importância da alimentação rica em vegetais para a manutenção
de uma vida saudável. De acordo com um estudo publicado na edição
online da revista científica Cell, vegetais verdes – como couve,
brócolis e acelga – contribuem para o bom funcionamento do sistema
imunológico.
Pesquisadores das universidades inglesas
de Cambridge e de Birmingham fizeram um experimento no qual camundongos
saudáveis foram alimentados com uma dieta pobre nesse tipo de vegetais.
Em seguida, analisaram os efeitos da mudança do cardápio em um tipo de
célula epitelial que desempenha um papel de proteção contra ameaças
externas.
Eles observaram que, em quase 80% dos
camundongos, as células protetoras desapareceram com a mudança
dietética. “Eu já esperava que essas células na superfície
desempenhassem um papel na interação com o mundo externo, mas uma
relação tão clara com a dieta foi inesperada”, disse Marc Veldhoen, um
dos pesquisadores.
[Estadão]
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