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sábado, 4 de agosto de 2012

Qual será o futuro das telas flexíveis?

Tecnologia está saindo dos laboratórios e começa a ser usada em produtos, mas os fabricantes enfrentam o desafio de apresentar seus benefícios aos consumidores
Lembra-se dos jornais eletrônicos que podiam ser enrolados no filme Minority Report? Em breve poderemos ver uma tecnologia similar sendo usada em telas de celulares, e-Readers e tablets. Empresas como a Samsung e a LG já estão produzindo telas flexíveis para produtos futuros e, embora ainda não sejam dobráveis como o papel de um jornal, elas podem abrir aos fabricantes algumas possibilidades de design bastante atraentes.
Engenheiros vem trabalhando no desenvolvimento de telas flexíveis há algum tempo. Mas até este ano só tínhamos visto protótipos delas. Em 2008 a HP e o Flexible Display Center na Universidade do Estado do Arizona, nos EUA, apresentaram um protótipo de uma tela flexível de baixo custo usando uma tecnologia conhecida como self-aligned imprint litography (SAIL). Fina como papel, esta tela é quase que inteiramente feita de plástico, o que a torna durável e portátil. E o Industrial Research Institute em Taiwan (ITRI) e a AU Optronics se uniram para desenvolver em 2010 um processo de produção de telas flexíveis para e-Readers. O protótipo usava a tecnologia AMOLED encontrada em smartphones atuais.
A Nokia mostrou um protótipo de um “aparelho cinético” durante o lançamento do Lumia 800 nos EUA, equipado com uma tela OLED realmente flexível. Para interagir você o segura com as duas mãos e dobra e torce o aparelho para realizar ações. Por exemplo, dobre-o para dentro para ampliar uma foto numa galeria de imagens, ou para fora para diminuí-la. Num aplicativo de música é possível navegar por uma playlist torcendo o controle.
Legal? Com certeza. Prático? É difícil dizer. Pode ser interessante em jogos, mas como são necessárias duas mãos para operá-lo, não parece prático para uso em smartphones. Embora seja apenas um protótipo, o controle da Nokia é uma interessante amostra de como as telas flexíveis poderão ser aplicadas ao design de um produto.
Neste ano a Samsung anunciou o início da fabricação de telas flexíveis baseadas na tecnologia OLED, batizadas de YOUM. De acordo com a empresa, as telas YOUM tem o mesmo design padrão de uma tela OLED comum, com a diferença de que folhas de um polímero flexível substituem os tradicionais camadas de vidro usadas no substrato e encapsulamento.
A LG também está produzindo telas flexíveis em massa, mas são telas e-Ink para e-Readers. Elas tem 6 polegadas e resolução de 1024 x 768 pixels, e como as da Samsung são feitas de plástico, sem chapas de vidro na estrutura ou proteção.
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Tela flexível da LG para uso em e-Readers
A Atmel, empresa que está por trás da tecnologia de sensores de toque usados em inúmeros tablets e smartphones, lançou um novo sensor de toque chamado XSense, que é feito de um filme flexível e, segundo a empresa, pode ser montado sobre superfícies curvas. Os sensores XSense já estão no mercado, e produtos equipados com eles devem estar disponíveis no terceiro trimestre deste ano.
Vantagens das telas flexíveis
Há muitas vantagens em uma tela flexível. As telas YOUM prometem ser mais finas e leves que telas OLED atuais, já que tem menos camadas e portanto são mais finas. Uma tela LCD típica tem seis camadas, sendo que duas são de vidro, enquanto uma tela OLED tem quatro, com duas de vidro.
Além disso, as telas flexíveis podem ser mais duráveis do que as atualmente usadas em smartphones e tablets. A Samsung afirma que suas telas são “inquebráveis”, mas vou esperar até ter um produto equipado com uma delas em mãos para decidir se acredito. Aprendi na prática que os testes de stress da PCWorld são capazes de quebrar até o mais resistente dos produtos.
Outro uso potencial para as telas flexíveis é na criação de designs que podem ser “vestidos” como um acessório. Imagine transformar seu smartphone em um bracelete como no Nokia Morph, um conceito de um híbrido de relógio e telefone que também é um acessório de moda.
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Nokia Morph: gadget "mutante" pode assumir várias formas e virar acessório
Desafios à frente
As telas que veremos neste ano ainda não estão prontas para se enrolar ao redor de seu pulso. Serão menos flexíveis do que você espera (nada de jornais eletrônicos, ainda) mas espere ver alguns e-Readers e smartphones equipados com telas flexíveis ainda neste ano, e talvez tablets no ano que vem equipados com as novas telas da Samsung. Jennifer Colegrove, uma executiva da NPD DisplaySearch especializada em “tecnologias emergentes para telas”, disse à revista Wired que embora possamos ver e-Readers com telas curvas, elas provavelmente serão fixas. Ou seja, não será possível dobrá-las ou alterar sua forma.
Já os fabricantes de smartphones tem um desafio à frente. Eles precisam encontrar uma forma de apresentar as telas flexíveis como algo útil, em vez de se confiar no fator “que legal!” de que elas podem dobrar. Lembra-se das telas 3D sem óculos em smartphones e tablets? Foram apresentadas como sendo o futuro, mas na prática os consumidores não encontraram muita utilidade para elas.
A Samsung aposta no fato de que suas telas YOUM são mais leves e duráveis que uma tela OLED ou LCD comum, e considera a flexibilidade apenas um recurso secundário. Já o protótipo da Nokia nos dá uma idéia interessante de como uma tela flexível pode ser usada, mas ainda parece pouco prático. Os fabricantes também terão de levar em conta o desgaste pelo qual o aparelho irá passar durante o uso. Algumas mil flexões em uma tela podem causar danos sérios a seus componentes.
Ainda estamos longe daquele jornal do Minority Report, mas as telas flexíveis estão chegando a um e-Reader, smartphone ou tablet perto de você. Os primeiros produtos poderão ser vistos como uma mera curiosidade, mas no geral elas são definitivamente uma tecnologia na qual vale a pena ficar de olho.

 PcWorld

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