Quando uma broxada pode salvar sua vida.
Broxada salvadora.
Certo dia, entrou no meu consultório um homem de 56 anos. Obeso, feições carregadas e um jeitão superestressado. Os dedos amarelecidos denunciavam os hábitos de fumante. Mas não era ele o meu paciente: estava ali apenas para acompanhar a mulher. Na saída, me puxou de lado, perguntando se eu não conhecia algum urologista para indicar. “Meu desempenho na cama vem piorando cada vez mais”, justificou, quase sussurrando.
Considerando o perfil sedentário do amigo, achei melhor encomendar uma avaliação clínica completa e me ofereci para cuidar pessoalmente do caso. Semanas depois, os resultados confirmaram minhas suspeitas: o coração desse homem estava em estado deplorável. Porém, cinco pontes de safena e uma drástica mudança de hábitos de vida salvaram o paciente. O entupimento das artérias estava relacionado de modo direto ao problema de performance durante o sexo. O desempenho ruim funcionou como um alarme de que havia algo de errado no organismo.
Depois do tratamento, o paciente voltou a ter uma vida normal — inclusive na cama. Casos como esse são mais comuns do que se imagina — aliás, a disfunção erétil é um problema mundial que atinge nada menos do que 152 milhões de homens. E muitas vezes a impotência é um alerta da ocorrência de problemas como hipertensão e até mesmo de outras doenças cardíacas mais graves. Artérias coronárias entupidas são um exemplo clássico de evento que diminui o fluxo sanguíneo para o pênis durante o estímulo sexual, prejudicando a ereção. Já existe uma boa literatura médica confirmando a relação entre as duas coisas. Num estudo divulgado recentemente pela Universidade de Florença, na Itália, por exemplo, os especialistas acompanharam durante um bom tempo os casos de 1687 homens que necessitavam de tratamento para a disfunção erétil. Passados quatro anos, nada menos do que 137 deles sofreram infarto ou outros problemas cardíacos. Outros 15 morreram devido a causas correlatas. Para você não engrossar essa estatística, comece agora mesmo a mudar seu estilo de vida. Além de melhorar a alimentação, diminuir o chope e cortar o cigarro, no caso dos fumantes, mantenha-se em atividade. Não só praticando exercícios físicos regulares — como também fazendo sexo, por exemplo. Entre outros benefícios, os músculos utilizados na transa ficam fortalecidos, a respiração melhora, o colesterol diminui e o estresse vai embora. Existe exercício melhor?
Sergio Timerman é cardiologista, faz parte da equipe do Instituto do Coração e dirige a Escola de Ciências da Saúde e Medicina na Universidade Anhembi Morumbi, ambos em São Paulo.
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